Thursday, March 30, 2006

cillian brilliant murphy

breakfast on pluto
o meu pézinho não parou de bater

Monday, March 27, 2006

the morning after

não acordas porque não chegaste a adormecer. levantas-te, não abres os olhos. sabes que a hora mudou porque te dói mais o peito. perdeste tempo, mais tempo. menos vinte e sete suspiros. tens frio. vais descalça pelo corredor e a cada passo, mais frio, mais sentes que aquele chão não é o teu. abres a porta. o ar está húmido, alguém esteve ali - foste tu. em frente do espelho contas, ainda de olhos fechados, como foi quando puseste um pé do outro lado. abres os olhos, vês-te, és uma mulher. vestes-te e sais daquela casa. na rua perseguem-te os que pedem, os que cospem no chão, os que te empurram, os que te ameaçam, os que não te vêem. estás descalça. páras e olhas uma montra. dizem-te: "estiveste comigo ontem mas não deste por isso. depois das pétalas que caíram leves, uma a uma, devagar, vieste delicada feita espuma que se sopra". acenam-te da vitrine da cidade que te matou a sede. ditam-te palavras que te dizem por inteiro, mas voltas ao erro. não consegues não voltar. estás descalça. tens os pés sujos, as mãos sujas, as lágrimas sujas e não tens as chaves da casa.

Thursday, March 23, 2006

you are beautiful and you are alone *

ninguém te nota os passos se passares sempre, como o tempo. e é como quando tens vontade de chorar - finges sempre que não queres, mas sabes que vais gostar.

* afraid, patrick wolf

you bruise like a cherry, my darling girl *

inventavam a história de um herói que chorava quando abria a porta, mas eram eles os heróis e as lágrimas.

* your sister's social agony, camera obscura

Wednesday, March 22, 2006

eat me

caldas late night, maio 2005

Wednesday, March 15, 2006

"são dois braços, são dois braços"

a braços com o tempo disse:
é cedo ainda. muito cedo ainda para atar as mãos. por isso te peço que me devolvas os braços que ficaram atrás das tuas costas, presos no 'para sempre' - que não existe, dizias tu.
e de mão em mão o segredo passou.
de braço dado com a vergonha ouvi-a dizer:
devolve-me os braços e eu digo 'nunca mais'. nunca mais digas que são pequenos os meus braços, porque eles são dois e servem para mais que mil abraços. agitam-se impacientes em viagens preguiçosas enquanto não me agarras para dançar.
e é com a verdade nos braços que te digo:
devolve-me os braços que te dei dia sim, dia talvez não.
devolve-me os braços, que preciso deles para dizer adeus.

Thursday, March 09, 2006

Friday, March 03, 2006

Wednesday, March 01, 2006

breakfast at epiphany's

hofn, islândia
fotografia do jp

a song is not the song of the world

pensou melhor. depois riu-se quando lhe disseram que a vida era um livro escrito para ela. mais vinte e sete passos para o lado errado, um narrador cansado, uns poucos leitores entediados e um jantar que acabou por ficar frio. de novo. levantou o braço e muito pouco educadamente gritou: 'quero já aqui o autor desta história!'. Mas naquela sala onde tudo eram coisas velhas, só ela e o senhor que cantava no rádio: who is the world? who is the world? who is the world? a song is not the song of the world.