não acordas porque não chegaste a adormecer. levantas-te, não abres os olhos. sabes que a hora mudou porque te dói mais o peito. perdeste tempo, mais tempo. menos vinte e sete suspiros. tens frio. vais descalça pelo corredor e a cada passo, mais frio, mais sentes que aquele chão não é o teu. abres a porta. o ar está húmido, alguém esteve ali - foste tu. em frente do espelho contas, ainda de olhos fechados, como foi quando puseste um pé do outro lado. abres os olhos, vês-te, és uma mulher. vestes-te e sais daquela casa. na rua perseguem-te os que pedem, os que cospem no chão, os que te empurram, os que te ameaçam, os que não te vêem. estás descalça. páras e olhas uma montra. dizem-te: "estiveste comigo ontem mas não deste por isso. depois das pétalas que caíram leves, uma a uma, devagar, vieste delicada feita espuma que se sopra". acenam-te da vitrine da cidade que te matou a sede. ditam-te palavras que te dizem por inteiro, mas voltas ao erro. não consegues não voltar. estás descalça. tens os pés sujos, as mãos sujas, as lágrimas sujas e não tens as chaves da casa.
Monday, March 27, 2006
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6 comments:
Com o Chico Buarque a cantar 'Geni e o Zepelim'.
volta-se sempre ao erro, é a vontade de continuar em vez de desistir.
com um grande poder retórica pode-se convencer o mundo inteiro a banhar-se num lamaçal. Assim, o mundo inteiro estaria ainda mais sujo que nós, tornando-nos limpos. De seguida, convence-se a mulher (ou homem) mais bonita e rica do lamaçal a viver uns dias na casa dela. Ela dá-nos a chave e diz que voltará do lamaçal dois dias depois. Antes da sua chegada, saímos. Entretanto, tivémos tempo para arranjar uma chave que abra a porta da nsosa casa.
.) .*
A cada post que passa gosto mais deste blog...
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