regressou. e como a tinta falha nas primeiras letras de uma folha em branco, ela hesitou nos primeiros passos do regresso (ou era da música ainda nos ouvidos). e como vinha cheia de vontade de lhe dizer que a vida era aquilo: aninhar os joelhos nas dobras de outros joelhos. regressou e na mão uma tesoura e um relógio. meio dia e um quarto, contou nove caracóis do seu cabelo, depois oito, depois sete, depois seis. tinha meio dia para dizer ao mundo - a ele - que também queria um jardim como daqui ali e também queria nele espalhar sementes ao acaso sem ligar às estações do ano e que também para ela podia ser inverno todos os dias. contou cinco, depois quatro, depois três. tinha menos um quarto. um quarto de hora que podia ser um quarto de um minuto, de um segundo. um quarto que podia ser dos dois. contou dois, depois um. regressou e disse: 'um dia vou deixar de contar o tempo em dias e em horas e minutos e segundos.' um dia será para sempre e para sempre é o tempo que eu quiser.
Tuesday, September 26, 2006
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3 comments:
belíssimo..
Excelente imagética, Joana.
Só aconselho cuidado com os "sempre". Há sempre juízos fortes que nos encurtam os tempos...e os caracóis.
E já agora, belíssimo nome.
Gil
joanie, o regresso ao tempo...
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