Saturday, November 05, 2005

disse-lhe um dia que se chamava maria,

que gostava disto e daquilo e de muitas coisas, que sonhou que dançavam, que gostava da chuva, da cor das laranjas, dos gatos que se foram embora, de ler em voz alta. disse-lhe também que se chamava maria e que gostava de histórias e de lisboa e de prateleiras com livros. disse-lhe que se chamava maria, mas que entrava sem pedir e por isso lhe pedia desculpa, mas que não o conseguiu evitar.
assinou por várias vezes maria e em cada carta era uma nova história que contava. histórias que não eram histórias porque eram verdades que não eram verdades porque eram mentiras porque eram sonhos.
no dia em que as cartas expiraram, puxou de uma cadeira, sentou-se, disse-lhe o seu nome e levantaram-se os dois. fizeram e disseram muitas coisas em tardes umas mais bonitas que outras.
e depois das cartas, dos encontros, dos telegramas, a maria que já não assinava maria, disse-lhe tudo: o que não tinha dito, o que já tinha dito, o que ainda ia dizer, o que não podia dizer. mas disse. disse-lhe tudo.
ouviu e ficou calado muito tempo.
e depois cantou.

3 comments:

Anonymous said...

conheço essa história. espero o final feliz ;)

joana said...

esta história não tem final.
acabou-se a tinta.

Anonymous said...

eu também conheço e se quiseres, além das bolachas empresto-te uma caneta.