Tuesday, November 15, 2005

décimo primeiro capítulo

Leitor, já é tempo de a tua inquieta navegação lançar a âncora. Que porto pode receber-te com maior segurança do que uma grande biblioteca? Certamente há uma na cidade donde partiste e aonde regressaste após a tua volta ao mundo, de um livro para outro. [...]
Chegou a altura de tu também dares a tua opinião:
Meus senhores, tenho de começar pela premissa de que nos livros gosto de ler só o que lá está escrito; e ligar os pormenores a todo o conjunto; e certas leituras considerá-las como definitivas; e gosto de manter destacados uns livros dos outros, cada um pelo que tem de diferente e de novo; e sobretudo gosto dos livros que se lêem do princípio ao fim. Mas desde há uns tempos para cá tudo me corre mal: parece-me que agora no mundo só existem histórias que ficam em suspenso e se perdem no caminho.
in Se Numa Noite de Inverno Um Viajante, Italo Calvino

5 comments:

joão martinho said...

esse livro e eu temos uma estória que nunca chegamos a acabar...

joana said...

este livro constrói-se sobre histórias que não acabam. são muitas histórias e só uma tem um final. feliz, portanto.

joão martinho said...

feliz porque as outras não têm fim? chamava-lhe fim egoísta, então.

joana said...

não querias que eu revelasse o fim, pois não? pois sim. o leitor e a leitora casam-se e vivem felizes para sempre. pronto.

joão martinho said...

:>