continuar aos saltos até ultrapassar a lua
continuar deitado até se destruir a cama
permanecer de pé até a polícia vir
permanecer sentado até que o pai morra
arrancar os cabelos e não morrer numa rua solitária
amar continuamente a posição vertical
e continuamente fazer ângulos rectos
gritar da janela até que a vizinha ponha as mamas de fora
pôr-se nu em casa até a escultora dar o sexo
fazer gestos no café até espantar a clientela
pregar sustos nas esquinas até que uma velhinha caia
contar histórias obscenas numa noite em família
narrar um crime perfeito a um adolescente loiro
beber um copo de leite e misturar-lhe nitro-glicerina
deixar fumar um cigarro só até meio
abrirem-se covas e esquecerem-se os dias
beber-se por um copo de oiro e sonharem-se índias.
antónio maria Lisboa
(no Poemário, este era o poema para o meu dia de anos [?])
Tuesday, August 09, 2005
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